quinta-feira, 6 de março de 2008

Obama, 'kitsch' e os artistas

Milan Kundera escreveu, no excelente romance A Insustentável Leveza do Ser, se não me falha a memória, que o kitsch é inevitável na política. Não sei o que ele acha de Barack Obama, mas a mim este parece-me a encarnação perfeita do kitsch na política; um kitsch sofisticado, como muito do kitsch na história da arte, mas, ainda assim, kitsch.

A histeria à volta do candidato por causa do seu tom de voz, bom aspecto, e repetição ad nauseum de expressões vazias que não concretiza já me enjoa há muito. Mas acho que só agora, depois de ver o vídeo em baixo, me ocorreu a expressão "kitsch" e com ela a memória da passagem de Kundera que evoquei. Note-se que todos os participantes do vídeo são artistas — uns músicos, outros actores, outros ambas as coisas. Não aparece ninguém que não o seja. Este facto corrobora o que disse acima — são os artistas quem lida no seu trabalho diariamente com o kitsch e, por isso, são também os mais sensíveis a ele. É por isso compreensível que haja tanto artista entusiasmado com o boneco falante. Temos de compreender.

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