quarta-feira, 30 de abril de 2008

Gmail português

Ontem reparei por acaso que o Gmail já tem uma versão em Português de Portugal; hoje leio no Público que foi disponibilizada mesmo ontem. Preferi manter a minha conta em Inglês (britânico, para ter datas à europeia), depois de ver que traduziram Archive (no caso, Arquivar) por "Arquivo" (só uma pessoa que não usa o Gmail pode cometer um erro destes!) e Compose mail por "compor mensagem", em vez do normal "escrever". Tivessem copiado a versão brasileira e não teriam feito asneira. Não uso a versão brasileira porque, tal como a nossa, torna a barra da esquerda muito larga (temos tendência para não economizar nas palavras), e fica feio.

Frase do dia

"(...) os jovens são ignorantes porque nascemos ignorantes."

Rui Tavares, no Público de hoje.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Prós & Prós

"O que é isso de maus trabalhadores?", pergunta Carvalho da Silva, no Prós & Contras de hoje, na RTP 1, um debate até agora soporífero sobre o novo Código de Trabalho do governo. Esta pergunta mostra perfeitamente a visão do mundo dos nossos sindicatos. Somos todos bons trabalhadores. De salientar que quase toda a gente que falou até agora partilha a mesma visão do mundo, em que os empresários existem para fazer as vontades aos trabalhadores. Liberdade contratual é um conceito estranho a esta gente.

sábado, 26 de abril de 2008

Preço inflacionado

Estou num hipermercado Feira Nova (maravilhas da tecnologia móvel) e à minha frente está uma grande mesa com centenas ou milhares de livros a preços baixos. Destacam-se, pelo amarelo berrante, várias dezenas de exemplares do livro Barnabé, uma transcrição para papel do defunto blogue homónimo. Ainda pensei em comprar um destes, mas o seu preço, 1 € (um euro), pareceu-me inflacionado. Será uma falha do mercado? Eis uma hipótese para os autores do blogue explorarem...

sexta-feira, 25 de abril de 2008

O país que merecem

Concordo com a análise das eleições directas do PSD que José Miguel Júdice faz hoje no Público, em crónica intitulada "A tábua de salvação". Eu se fosse militante do PSD votava no Pedro Passos Coelho para presidente do partido. Entre ele e Sócrates, em 2009, votava em Coelho sem hesitar. Já entre Sócrates e Manuela Ferreira Leite, tinha de arranjar outra pessoa em quem votar. Como escreve Júdice, são demasiado parecidos. Não há grande vantagem na troca, embora valha sempre a pena mandar Sócrates embora.

O que me surpreende e entristece é a falta de apoio a Passos Coelho por parte dos blogadores (palavra da minha autoria que prefiro a todas as alternativas que já vi) liberais. Então agora aparece um candidato que defende as mesmas ideias que os liberais (e que eu também) têm defendido desde o início, faz aquilo que todos queremos — está mais empenhado em debater ideias do que pessoas —, é duma geração mais próxima da nossa (Ferreira Leite tem 68 anos; Passos Coelho, 44), e eles vêem na senhora a salvação do partido e da pátria? Não consigo perceber. São capazes de se entusiasmar com uma tal de Ron Paul revolution que não nos afecta em nada e não demonstram um mínimo de entusiasmo pelo político com vontade de ser primeiro-ministro mais liberal da nossa praça e com muito mais hipóteses de ser bem-sucedido do que o simpático médico americano. Tanto tempo despendido a execrar os nossos políticos e mentalidade socialistas, a lamentar a ausência de propostas políticas liberais e agora que há a possibilidade de pelo menos essas ideias ganharem projecção nacional, desprezam-na. A consideração que tinha por eles caiu a pique. É caso para dizer, e digo-o com tristeza, que têm o país que merecem.

Um problema lógico-psicológico

No sempre interessante De Rerum Natura, leio hoje uma transcrição dum capítulo do novo livro de Nuno Crato, A Matemática das coisas (Gradiva), intitulado As fatias do bolo-rei, que trata do problema de dividir um bolo por várias pessoas sem que no final alguém possa alegar ter sido injustiçado. Um problema interessante, sem dúvida. (Vá ler o texto, bem curto, antes de ler o seguinte:)

Esse problema foi tratado num episódio duma série infantil dedicada a esse género de problemas chamada "Aqui há gato". Via-o regularmente em criança, acho que na RTP 2. Não tenho a certeza, mas acho que era apresentado pelo Pedro Ribeiro.

Primeiro deram a solução para duas pessoas. A partir do dia em que o vi, usei sempre que podia o método quando o problema surgia no mundo real. Depois deram a solução para 3 pessoas, cujos pormenores infelizmente esqueci. Mas lembro-me de que não era usado o "método da faca deslizante", descrito no livro. Usava-se uma moeda para escolher a ordem de decisões, mas sem introduzir injustiça, claro. (Por exemplo, podemos usar uma moeda para o caso de duas pessoas sem injustiçar ninguém.) Mas o mais importante é que havia uma iteração em que se desenhava um corte, sem haver propriamente um corte duma fatia. Um dos participantes escolhia uma das partes virtuais. Numa iteração posterior, esse corte era redesenhado por outro participante.

Não me lembro do método. Se alguém o conhecer, era interessante que o expusesse aqui na caixa de comentários.

Nessa série lembro-me também de ver um daqueles problemas de obter uma medida dum líquido a partir de dois recipientes de medida conhecida mas sem graduação. E muitos outros problemas matemáticos divertidos.

Mas um problema que me fascinou e que nunca mais esqueci foi este:

Três pessoas tomam chá. Outra pessoa colou três cartões coloridos debaixo de cada chávena. Os jogadores sabem que há disponíveis cinco cartões: 3 vermelhos e 2 pretos, mas desconhecem as cores escolhidas pelo jogador exterior. Os jogadores ao beberem vêem os cartões por debaixo das chávenas dos outros, mas não vêem o seu próprio cartão. Ganha quem acertar primeiro na cor da sua chávena. Ora nesse episódio é mostrada a perspectiva dum dos jogadores, que vê que os amigos têm ambos um cartão vermelho. Nenhum deles arrisca uma resposta. Tendo em conta que os amigos são ambos inteligentes, o jogador da nossa perspectiva descobre a solução. Deixo aqui o desafio aos meus leitores de descobrirem qual a cor desse jogador e que raciocínio seguiu que lhe permitiu chegar à conclusão. É uma espécie de problema lógico-psicológico.

Ah, fiquei com vontade de comprar o livro. Do Nuno Crato só li o livro O "eduquês" em discurso directo (Gradiva), que é muito bom e cuja leitura aconselho veementemente.

terça-feira, 15 de abril de 2008

EuroNews e Berlusconi

A EuroNews não consegue disfarçar a desilusão por Silvio Berlusconi ter vencido as eleições em Itália ontem. É muito engraçado. Mas mesmo assim, ainda tentam disfarçar. Antes da eleição, o ódio a Berlusconi era muito mais evidente.

Alguém ainda leva este canal de propaganda a sério? Pode ser engraçado ver a mentalidade oficial europeia concretizada em cada notícia, mas acaba por se tornar chato e previsível. Que a RTP emita horas daquele canal é sintomático do papel doutrinador da TV do Estado português.

Prós & Contras VI

Quem não viu o debate pode vê-lo online (será que o acordo preconiza a opção "em linha"? Eu gosto de "em linha", mas pergunto-me: o acordo não é só sobre ortografia?) aqui. (Não encontro link directo.) Agradeço a indicação do link ao meu amigo Marco Aurélio Antunes, que, apesar de brasileiro, também é contra o acordo.

Hoje estou de parabéns. Todos estes posts foram enviados por telemóvel.

Prós & Contras V

Notas soltas.

Terminou o debate. O Reis dá vontade de rir até ao fim. Dizia ele que os livros não vão para o lixo, mas sim substituídos. Será que vão ser emendados?

Uma escritora brasileira começou a sua intervenção dizendo que ia fazer umas "colocações".

Só na última intervenção Vasco Graça Moura menciona os livros que ficarão inutilizados. Porque é que não apresentaram os argumentos todos logo no início?

Quem não conhecia as alterações introduzidas pelo acordo ficou sem conhecer. Esse era o papel dos apoiantes do acordo. Mas os opositores também podiam ter feito esse serviço. Eu pensava que estava informado, mas agora fiquei com dúvidas. Pensava que íamos passar a escrever "aspeto" e "ato", mas depois do que disse VGM, depreendi que não é certo. Vou ter de consultar o texto do Acordo. Mas receio que não me vai esclarecer muito. A introdução das ditas facultatividades é um inegável desastre.

Leio no blogue Portugal dos Pequeninos alguma contextualização à personagem Carlos Reis. Mas que homem insuportável! Aquele permanente ar de superioridade acompanhado por um sorriso cínico, os gestos, o virar do corpo para a plateia, as sobrancelhas franzidas acompanhando aquele sorriso condescendente de mente superior, o estar sempre a apontar lapsos irrelevantes nos outros, a constante adjectivação do outro ("superficialidade intelectual", etc.), os constantes "caro amigo", e outras hipocrisias de fraco nível, etc., tudo no homem é insuportável!

Antes do debate escrevi um texto para publicar aqui, que não acabei ainda, resumindo as minhas razões para rejeitar este acordo. Algumas coisas foram ditas por eles, mas nem tudo, pelo que quando o acabar ponho-o aqui.

Prós & Contras IV

Está quase a acabar o debate e apenas agora a Alzira Seixo aborda ao de leve a questão da evolução natural da ortografia, que deve preceder as reformas, isto deixando passar como pacífico que faça sentido regular por lei a ortografia.

Prós & Contras III

Só agora se fala no Inglês, que nunca teve ortografia oficial. Só agora...

De notar o bom humor com que Vasco Graça Moura reage à arrogância e ataques do Carlos Reis. Ponto para ele! Eu não reagiria assim...

Este Reis é insuportável. Deve pensar que é o maior. É "é assim", diz ele!

Prós & Contras II

Só agora aparece alguém com uma crítica pertinente e óbvia ao acordo: a questão da frequência das palavras com grafia alterada. Só agora falam nisto... Foi um linguista, António Emiliano.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Prós & Contras

Uma desilusão, o debate no Prós & Contras até agora sobre o nefasto acordo ortográfico.

Ninguém até agora se lembrou de dizer que o Estado devia manter-se fora da ortografia. Parece consensual que a lei deva dizer que se escreve assim ou assado, mas não é! Pobre país.

Os opositores ao acordo estão a fazer um mau trabalho. Não estão a ser sistemáticos, não se lembraram de muitos argumentos contra o acordo. O Vasco Graça Moura perde tempo com pormenores e tem péssima dicção. Sinceramente, preferia ter ido lá eu a ver esta tristeza.

De notar a arrogância do Carlos Reis a falar em ridículo, desonestidade intelectual, etc.

Voltarei ao tema.